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domingo, 7 de outubro de 2007

O medo e os muros altos atraem os criminosos.


Pesquisa realizada pela Polícia Militar do Paraná com 287 detentos concluiu que muros altos são considerados atrativos pelos criminosos. De acordo com os criminosos entrevistados a preferência é por casas (43%) com muro de no máximo 2 metros de altura (71%)que ocultam melhor a ação (54%) e facilitam a invasão (24%).
"O policiamento seria muito mais fácil se as casas fossem mais abertas, com uma iluminação bem-planejada. Assaltantes sabem que em casas muradas moram pessoas que têm medo. São seus alvos preferidos" diz o Coronel Roberson Luiz Bondaruk.
A arquitetura da insegurança. Segundo a Polícia Militar do Paraná os muros altos obstruem a visão da rua e vice-versa; os suportes de lixo sevem como degraus para a escalada dos muros; os muros em rampa dão acesso ao andar superior da casa; os portões cegos não permitem a visão da rua; a arborização reduz a visibilidade; os telhados de garagem obstruem a visão do andar inferior e servem como rampa de acesso; as sacadas encostadas em muros e telhados vizinhos facilitam a ação; as janelas do pavimento superior devem ser providas de sgurança, e caixas de luz salientes, junto ao portão, também servem como degraus que facilitam a invasão.
"Muros não adiantam nada. O bandido, hoje, entra pela porta, fazendo o porteiro de refém", diz o arquiteto e urbanista Hector Vigliecca. "Muros são sintomas da nossa ignorância. É como o avestruz, que coloca a cabeça dentro de um buraco para se esconder." acredita. Segundo a urbanista norte-americana Jane Jacobs: "Não é preciso haver muitos casos de violência numa rua ou num distrito para que as pessoas temam as ruas. E, quando temem as ruas, as pessoas as usam menos, o que torna as ruas ainda mais inseguras".
Ou, nas palavras de Paulo Mendes da Rocha, vencedor do Prêmio Pritzker de Arquitetura 2005: "A esperança é que sejamos todos democráticos e inteligentes. Nunca a cidade estará perfeita, mas não precisamos cometer tanto previsível desastre. A idéia do desastre e de que nós conseguimos prever que vai dar errado. Como, por exemplo, morar distante, fechar para se proteger. Fecha, fecha e, de repente, a filha mata o pai. O medo é o instrumento fundamental do fascismo."
(Fonte: Revista da Folha, nº788, 07/out/2007)