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sábado, 27 de agosto de 2011

Viciados em hipérboles

Sem subestimar o conteúdo simbólico dos amáveis encontros da presidente Dilma Rousseff com governadores do PSDB e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a transformação de necessidade em virtude incomoda. A necessidade de criar fatos políticos que atenuassem o esperneio dentro do saco de gatos do governismo pós-mensalão foi comprada por uma parcela influente da mídia como expressão de uma virtude política até então ausente do conjunto de atributos exibidos pela presidente. Voltando-se o filme para trás, a pretendida “faxina” – vocábulo do léxico janista e collorido – não tem nada a ver com convicções republicanas de A, B ou C. Foi a narrativa encontrada pelo Palácio do Planalto para transformar balaços de um tiroteio em artilharia midiática. A mídia, feitas as contas, acomodou-se ao engodo, embora cada jornal ou revista saiba direitinho que denúncia sua desencadeou quais quedas de ministros e auxiliares. Como o mundo é das manchetes (ou das “escaladas” do Jornal Nacional), tudo é hiperbolizado. Onde ocorreu redução da margem de manobra e inevitabilidade do descarte, proclamou-se intolerância com o assalto à coisa pública. A busca da exclusividade leva muitas vezes ao olhar viciado, que só enxerga uma parte das coisas ou exagera a importância daquilo que se pretende noticiar. A consciência atenua tais desvios. Continua havendo compadrios, “proteção de fontes”, credulidade acrítica em histórias malcontadas. Mas sem a imprensa instalada em Brasília o país estaria pagando um preço muito mais alto pelas mazelas de seu sistema político-representativo. Sem nem sequer se dar conta do enredo.
(Leia o artigo completo de Mauro Malin publicado em 22/08/2011 na edição 656 do Observatório da Imprensa.)