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domingo, 19 de julho de 2009

Mercado imobiliário exige atenção

Quando se analisa o drama criado pela crise dos empréstimos subprime nos Estados Unidos e suas graves consequências para a economia mundial, torna-se oportuno alertar as autoridades monetárias brasileiras para a necessidade de uma visão de longo prazo em relação ao mercado imobiliário, que começa a apresentar expansão significativa, embora aparentemente sem nenhum problema no momento.
É bom relembrar os mecanismos que progressivamente levaram à crise nos Estados Unidos, com repercussões gravíssimas sobre os outros países. No contexto de uma política estimuladora da demanda, com juros muito baixos, e na crença de que empréstimos hipotecários têm garantia firme, explodiram os créditos imobiliários sem muita preocupação com a capacidade financeira dos mutuários. Isso elevou os preços dos imóveis a ponto de as instituições financeiras acreditarem que a inadimplência dos devedores seria um bom negócio.
Como se podia prever, muitos novos donos de imóveis não conseguiram honrar seus compromissos e os puseram à venda. O aumento da oferta derrubou os preços a ponto de elas valerem menos do que o empréstimo hipotecário. Diante do aumento da inadimplência, as instituições financeiras inventaram os sistemas de securitização que desembocaram na crise do subprime.
Nos cinco primeiros meses do ano, registrou-se em São Paulo a comercialização de 10.794 habitações, para um volume de lançamentos de 6.435 unidades. Em maio, o indicador de vendas sobre oferta atingiu 21,3%, ante 10,3%, em abril, e 10,7%, em março. São indicadores que mostram a pujança da atividade.
No entanto, o índice de preços de material de construção não deixa de aumentar e o País não dispõe de instrumentos para acompanhar a evolução do setor no longo prazo.
Parece difícil que, sob a fiscalização do Banco Central, possa haver aqui um mecanismo como o do subprime, mas convém sempre acompanhar as ofertas para refinanciar os empréstimos hipotecários. Diante de uma demanda em alta, o preço dos imóveis, que para alguns é apenas um ativo para proteção futura, está aumentando.
Há no Brasil uma grande falta de estatísticas que acompanhem a evolução desses preços (hoje muito elevados para imóveis de luxo), que poderão despencar no futuro. De imediato, não há problemas, mas eles podem aparecer em razão de empréstimos de longo prazo.
(Fonte: O Estado de São Paulo, 18 de Julho de 2009)